Entre desafios comuns à hemorrede pública e novas oportunidades, o “Diálogos dos Hemocentros do Brasil – Qualificação e Autossuficiência do Plasma no País” foi realizado em Fortaleza nos dias 26 e 27 de agosto. O encontro mobilizou gestores e especialistas de todo o país na formulação de propostas e metas para ampliar a coleta, qualificar o processamento e fortalecer a produção do hemocomponente.
Membro da Comissão Organizadora, Dr. Luiz Amorim, do Hemorio, definiu o evento como um divisor de águas: “O Brasil precisa do plasma e o plasma está na Hemorrede. Esta é uma reunião fundamental, porque apresentamos propostas concretas, factíveis, com prazos definidos. É o momento de entregar soluções para melhorar a qualidade do sistema de saúde como um todo e, em especial, a disponibilidade de plasma para a indústria de hemoderivados”.

O diagnóstico situacional da Hemorrede em relação à doação de sangue e ao plasma, apresentado por Natalícia Azevedo, do Hemoce, trouxe um panorama detalhado com informações fundamentais para embasar a construção das estratégias. Dr. Alfredo Mendrone, da Fundação Pró-Sangue, destacou que “os dados apresentados são inéditos e indispensáveis para orientar as próximas decisões e garantir o avanço na produção e qualificação do plasma.”
A programação também contou com a participação de Bárbara Simões, consultora em Governança Pública e Hemoterapia do Ministério da Saúde, que apresentou o processo de disponibilização dos equipamentos da cadeia do frio por meio do PAC. Momento em que os gestores tiraram dúvidas e compartilharam experiências sobre as condições estruturais necessárias em cada contexto de atuação.
Os debates foram aprofundados nos grupos de trabalho, em que os participantes se dedicaram à construção de projetos para cada eixo temático do encontro. Entre as ações e metas apresentadas estiveram a ampliação do volume médio de plasma coletado por bolsa, considerando os impactos técnicos e financeiros, e a criação de programas específicos de coleta de plasma no Brasil. Também foram definidas medidas para orientar o uso transfusional racional, estabelecer condições de preparo, estocagem e controle de qualidade do plasma em padrão industrial, além de alternativas de financiamento capazes de garantir sustentabilidade à produção.
As sessões técnico-científicas reuniram contribuições nacionais e internacionais. A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) apresentou avanços e desafios no processo industrial de hemoderivados e seus impactos para a política nacional, enquanto a multinacional Octapharma, patrocinadora do evento, trouxe experiências externas e boas práticas aplicadas à qualificação do plasma.
Para o Dr. Frederico Monteiro, representante da Hemobrás, o evento teve caráter estratégico a produção de plasma. “Temos agora em mãos um desafio positivo: garantir que todo o plasma coletado seja otimizado, sem desperdícios. É uma grande oportunidade de entregar ainda mais para a sociedade e fortalecer o SUS.”
Durante o encerramento, Dra. Luciana Carlos, coordenadora-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, enfatizou que o momento representa uma oportunidade real de mudança e de consolidação da hemorrede pública como autossuficiente na produção de plasma. “Chegamos nesse encontro mais preparados, organizados e maduros. Precisamos seguir trabalhando juntos porque esses resultados só poderão ser alcançados coletivamente.”

Dedicado à apresentação das propostas construídas nos grupos de trabalho, o segundo dia promoveu o debate de cada eixo temático, permitindo alinhar contribuições e consolidar um documento comum para os hemocentros. O sentimento compartilhado entre os participantes foi de fortalecimento da hemorrede, com metas claras e a confiança de avançar de forma integrada para alcançar a autossuficiência do plasma no Brasil.