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Evento pioneiro reúne especialistas e gestores para implantação do PBM no Brasil

25 de agosto de 2025
Fortaleza recebeu, nos dias 21 e 22 de agosto, o I Workshop de Implantação do Programa de Gestão do Sangue do Paciente “PBM Para Todos – A Hora é Agora”. Reunindo especialistas nacionais e internacionais na sede Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), o encontro destacou a segurança transfusional nas discussões, apresentando sua relação direta com a qualidade assistencial e a sustentabilidade do sistema de saúde.
 
Referência mundial no tema, o Dr. Axel Hofmann, presidente do Comitê para Implementação Global do PBM (Patient Blood Management) da Organização Mundial da Saúde (OMS), conduziu a palestra magna “PBM – A Nova Fronteira da Segurança do Paciente”. Em sua fala, chamou atenção para o impacto da anemia, que atinge bilhões de pessoas em todo o mundo e agrava diversos quadros clínicos. Hofmann defende que o sangue deve ser compreendido como um órgão vital, cuja preservação reduz riscos e influencia diretamente as doenças que podemos ou não desenvolver ao longo da vida.
 
Na sequência, os debates trataram sobre políticas públicas e a necessidade de transformar evidências científicas em ações concretas. Para a Dra. Luciana Carlos, coordenadora-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, o PBM tem impacto direto não apenas em pessoas com doenças hematológicas, mas também em pacientes cirúrgicos, mulheres e na população em geral. “Precisamos nos aproximar dessas estratégias para colocá-las a favor da população, reduzindo transfusões, custos e melhorando os resultados no sistema de saúde”, afirma.
 
Em sua apresentação, a Dra. Denise Brunetta, diretora de hemoterapia do Hemoce, chamou atenção para a necessidade de investir na educação da sociedade e de produzir informações sólidas que deem suporte às políticas públicas. Destacou ainda que o workshop representa um marco para o Brasil e lembrou que o Hemoce já implantou o programa há anos, mostrando que, mesmo diante de restrições financeiras e desafios da rede pública, é possível implementar o PBM e oferecer um exemplo para outros estados, especialmente do Norte e Nordeste, que vivem condições semelhantes.
 
Complementando as discussões, a Dra. Luany Mesquita, diretora-geral do Hemoce, destacou que o Ceará já possui, desde 2017, uma política estadual de PBM com resultados que comprovam o impacto do programa para o sistema de saúde e para a população. “O PBM é investimento e não é despesa. É uma estratégia para redução de impactos”, afirmou. Ela ressaltou ainda a importância da troca de experiências, tanto com outros estados quanto com o pesquisador Axel Hofmann, cuja trajetória internacional inspira novas práticas para o Brasil.
 

Experiências nacionais e internacionais

 

Outro momento importante foi dedicado à apresentação de experiências do PBM em diferentes cenários. Os participantes compartilharam resultados locais e tiraram dúvidas com o Dr. Axel Hofmann, que apresentou dados internacionais e estudos em larga escala para ressaltar o impacto do programa. No contexto nacional, foram relatadas iniciativas desenvolvidas no Ceará, na Maternidade Escola Assis Chateaubriand e no Instituto José Frota, além de experiências em Pernambuco, com o CISAM/UPE e o Hospital das Clínicas da UFPE, e no Pará, com a Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.

 

Ministério da Saúde e Conass reforçam compromisso com o PBM 

 

De grande relevância para o encontro, a participação do Dr. Arthur Mello, diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde (DAET), ressaltou o papel essencial da atenção primária na implantação do PBM e propôs a criação de um guia nacional para orientar os estados. Sua fala também destacou a importância de aproximar a gestão federal dos territórios e reforçou que o sucesso do programa depende de uma atuação multiprofissional integrada.

 

Também presente no evento, o secretário de Saúde do Acre e vice-presidente da Região Norte do CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Pedro Pascoal, falou sobre a necessidade de pactuações entre estados e União para garantir o financiamento da política, lembrando que o momento é propício para consolidar o PBM como estratégia de médio e longo prazo. 



Oficinas práticas de implementação

 

O segundo dia do evento, na sexta-feira (22), foi inteiramente dedicado a uma oficina prática com lideranças dos hemocentros das regiões Norte e Nordeste, voltada à elaboração dos planos estaduais de implementação do PBM. As atividades foram baseadas no programa PreservaSangue, iniciativa pioneira do Hemoce, e alinhadas ao Guia de Implementação da OMS.

 

Representantes dos estados puderam adaptar as estratégias aprendidas às suas realidades, construindo planos de PBM que considerem tanto o perfil dos pacientes quanto a infraestrutura local. A proposta é ampliar o alcance do programa e mostrar que, mesmo diante de desafios da rede pública, é possível implementar práticas que reduzem transfusões, melhoram desfechos clínicos e beneficiam desde pacientes clínicos e cirúrgicos até gestantes, recém-nascidos, crianças e idosos.

 

Patrocínio e Organização

 

Realizado pelo Instituto Pró-Hemo Saúde (IPH), com apoio dos Hemocentros Unidos, o I Workshop de Implantação do Programa de Gestão do Sangue do Paciente “PBM Para Todos – A Hora é Agora” foi idealizado pelo Hemoce. O encontro teve patrocínio da multinacional CSL Vifor, empresa de saúde com atuação reconhecida em terapias para o sangue e doenças relacionadas.

 

Durante o evento, a patrocinadora foi representada por Lucas Nascimento, gerente médico-científico, que falou sobre a parceria com o Dr. Axel Hofmann, referência internacional no tema. Ele destacou que a iniciativa foi uma oportunidade para acompanhar de perto como a hemorrede nacional tem implementado o PBM e alcançado resultados significativos para pacientes e serviços de saúde.