O Ceará se tornou o primeiro estado do país a contar com todas as unidades de uma hemorrede pública certificada para o fornecimento de plasma industrial para a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás). A certificação veio após a unidade regional de Crato do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), receber aprovação da Hemobrás para iniciar o fornecimento de plasma excedente para a indústria, ou seja, aquele que não seria utilizado em transfusões. Agora, todos os postos do Hemoce no estado estão habilitados para o envio.
Desde 2022 o Centro envia plasma para a Hemobrás. A primeira unidade certificada foi a sede em Fortaleza que fornece o material coletado pela capital e pelo Hemoce Quixadá. No mesmo ano, o Hemoce Sobral também passou a enviar plasma para a indústria. Os hemocomponentes direcionados à Hemobrás serão usados na produção de hemoderivados como albumina, por exemplo – fundamental no tratamento de pacientes do SUS.
Auditoria de certificação
O Hemoce passou por auditoria da Hemobrás e Octapharma para a permissão. As áreas que fazem parte do chamado “ciclo do sangue”, avaliados para a emissão do certificado são: atendimento ao doador, hemovigilância, processamento, controle de qualidade de hemocomponentes, processo de liberação do sangue para armazenamento e distribuição. O sistema da gestão de qualidade, recursos humanos, tecnologia da informação e almoxarifado também foram avaliados. A auditoria aconteceu em setembro do ano passado e em janeiro deste ano veio a aprovação.
“É muito gratificante para a equipe e doadores do Hemoce saberem que todo o sangue doado aqui na instituição está sendo encaminhado para pacientes que necessitam de transfusão e para a produção de hemoderivados, que podem retornar para a população atendida pelo SUS, por meio dos medicamentos que são produzidos”, explica a diretora-geral do Hemoce, Luciana Carlos.
Frederico Monteiro, chefe de serviço de relacionamento com a Hemorrede da Hemobrás, destaca o pioneirismo do Hemoce e a importância para o Brasil desses envios. “Foi com grande satisfação que a Hemobrás confirmou a hemorrede do estado do Ceará como a primeira do país a ser totalmente qualificada para o fornecimento de plasma excedente de uso hemoterápico para fracionamento industrial. Isto demonstra o comprometimento da hemorrede do Ceará no desenvolvimento da Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados com a finalidade de garantir a autossuficiência no processo de produção nacional de hemoderivados para o Sistema Único de Saúde (SUS)”, reconhece.
Transporte e produção de medicamentos
As bolsas de plasma são transportadas até a sede da Hemobrás, em Goiana (PE), e mantidas em câmara fria a -35º C. O material passa por um processo de análise para que sejam verificados parâmetros de qualidade, considerados pré-requisitos para a aptidão à produção de hemoderivados, conforme as Boas Práticas de Fabricação (BPF). Após o estudo, o plasma é exportado para fracionamento no exterior e retorna ao País como hemoderivados.
Depois, os medicamentos são distribuídos aos pacientes do sistema público de saúde que necessitam desses hemoderivados, como portadores de hemofilia e de outras doenças. “O fortalecimento da produção de hemoderivados é um grande ganho para todos os brasileiros que precisam desses produtos, especialmente para os pacientes do Programa de Coagulopatias Hereditárias”, afirma Luany Mesquita, diretora de Hematologia do Hemoce.
Com informações do Hemoce.